terça-feira, 5 de julho de 2011

Desvanecer



Sentada no chão do meu jardim, olhando o céu azul sem nuvens, a vontade de chorar era imensa.
Senti como se o tempo se esvaísse por entre os meus dedos, o meu sangue desaparecesse por entre as minhas veias e o ar desaparecesse para sempre dos meus pulmões.
Derramei uma lágrima ao pensar no fim.
Quantas vezes planeara o dia em que ia morrer?
Quantas vezes tentara fazer com que fosse perfeito, que fosse a morte perfeita.
O dia em que os pássaros cantassem mais alto, em que o céu seria mais azul, o mundo teria paz, a vida seria calma, e todos arranjariam o amor da sua vida. A guerra acabaria, a vida ganharia um tom rosa e azul, e nada mais seria a preto e branco.
Então porque é que ao sentir o meu tempo chegar sentia como se não tivesse vivido o suficiente? Como se houvesse tanto para descobrir e eu falhara tão completamente que nem conseguia lembrar mais quem era?
O coração parou.
Conseguia ouvir ao longe o som do meu cão a ladrar como se aflito com algo. Tentei sorrir e deixei de ouvir. Os meus sentidos começavam-se a perder, deixavam de existir.
A minha visão começara a desvanecer-se. Estava tudo desfocado, a árvore à minha frente, o céu começava a perder a cor.
Ah! Assim é morrer, pensei eu como um desabafo a mim mesma, Menos mal, pensei que fosse algo com muita dor.
Então lembrei-me dos que amava, magnificas pessoas que iam sofrer ao saber o que acabara de acontecer.
Olhei o meu pulso cortado, esvaindo-se em sangue, manchando a relva do jardim, dando-lhe uma cor acastanhada.
Lamentava tê-lo feito, mas não pude evita-lo. Era de mais para mim.
Era de mais ver tanta gente sofrer por coisas que não conseguia ajudar a resolver. Coisas que me deixavam impotente.
Olhei o céu mais uma vez e sussurrei ao vento um adeus seguido de um sorriso e esperei que fosse levado a todos os que amava.

« Eu vivi a vida como um estranho, não aproveitei cada momento e hoje morro sem ter vivido realmente. »

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