E a saudade aperta.
Aperta porque no fundo nunca foi mais que isso, mera saudade vivida com todo o meu ser. E fechando os olhos percebo que nem sequer estou perto do que devia estar.
Desejei viver num sitio sozinha e ao mesmo tempo repleta de amigos, onde teria a liberdade de ser eu a escolher o que queria e a ir onde queria às horas que quisesse. Hoje, pouco tempo depois de ter o sitio a que chamo “casa” a saudade aperta e desejava poder ser duas pessoas ao mesmo tempo para poder continuar a viver o meu sonho e ao mesmo tempo estar perto da minha verdadeira casa.
Sim, é verdade que não moro sozinha, mas por entre estas portas e janelas existe algo a que eu posso chamar casa e algo a que não dou definição alguma. Porque mesmo vivendo com outras pessoas, mesmo dizendo a mim mesma que eu sou feliz aqui, não consigo mais definir a felicidade por entre os devaneios que me ocorrem, a vontade súbita de sair daqui, fugir e nunca mais voltar está a atravessar o meu ser como nunca antes o fez.
O olhar, o sorriso, o gesto. Tudo isto é preciso para que eu consiga estar aqui e ser feliz, mas o olhar nem sempre está, pois o meu tempo é passado fechada entre quatro paredes, o sorriso, exactamente pela mesma razão, não aparece e o meu deixou de ser verdadeiro ao ponto de me deixar chorar por horas até adormecer e o gesto… bem, o gesto não está presente em nenhuma parte do dia.
Conhecer pessoas novas, criar amizades… de que nos serve se continuamos fechados entre quatro paredes, com vontade de fugir e nunca mais regressar ao mundo com que sempre sonhei.
Sonhei e cai. Apaixonei-me e voltei a cair, e como um amigo me disse à poucos dias, o pior do amor é fall in love e a pessoa amada não nos agarrar.
E hoje cai no meu próprio silêncio, procurando um pouco de som, o canto dos pássaros e os risos das crianças… Nada ouvi.
Porque no meu novo mundo, só as lágrimas caem, só o choro canta, só a solidão aperta.
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